terça-feira, 30 de março de 2010

Quando cardeal, Bento XVI quis investigar um cardeal abusador

O Cardeal Joseph Ratzinger tentou persuadir o Papa João Paulo II a montar uma investigação completa sobre um cardeal que abusou de meninos e jovens monges, revelou ontem uma das figuras mais graduadas da Igreja. Mas os oponentes de Ratzinger no Vaticano conseguiram bloquear a investigação. Como o futuro Bento XVI se expressou na ocasião: “o outro lado ganhou.”
O pervertido cardeal era Hans Hermann Groer, aposentado em 1995 como Arcebispo de Viena, depois das alegações de abusos sexuais. A fonte da história é o sucessor de Groer em Viena, Cardeal Christoph Schoenborn, um intelectual que alguns comentaristas têm etiquetado como um possível futuro Papa.
Uma revelação e tanto, no meu livro – mas ela não se ajusta ao script que os meios de comunicação anti-Bento XVI escreveram, portanto não ouvimos demasiado sobre isto. E mais, suspeito que os antigos conselheiros de João Paulo II preferem não lembrar que aquele Papa não fez o suficiente para restringir os abusos sexuais e seus encobridores. Mais seguro culpar Bento, não?
Eis uma citação de uma reportagem de Philip Pullella da Reuters:
O Cardeal Christoph Schoenborn de Viena disse domingo à televisão austríaca ORF, em defesa do Papa, que Bento XVI quis uma investigação cabal quando o antigo Arcebispo de Viena, Hans Hermann Groer, foi deposto em 1995 pela acusação de abuso sexual de um menino. Mas outros funcionários da Cúria persuadiram o então Papa João Paulo II de que os meios de comunicação haviam exagerado o caso e uma investigação só criaria mais publicidade negativa.
“[Ratzinger] disse-me, ‘o outro lado ganhou’,” revelou Schoenborn.
O outro lado. Suspeito que ele se referia à antiga panelinha vaticana à qual o Cardeal Ratzinger jamais se associou, e que não queria que casos de abusos sexuais “manchassem o bom nome da Igreja” (isto é, atrapalhassem seus jantares de “tapinhas nas costas” em suas trattorie favoritas).
E a ironia é que os jornalistas que escreveram artigos preguiçosos e cheios de ódio contra Bento XVI – como este exemplar terrível de India Knight, alguém a quem eu anteriormente admirava – estejam inconscientemente dando proteção às figuras realmente responsáveis tanto no Vaticano quanto nas conferências episcopais.
Groer, culpado até o pescoço, morreu em 2003. Eis uma reportagem da BBC de 1998:
A agência de notícias da Igreja Católica Romana na Áustria diz que o antigo Arcebispo da Viena, Cardeal Hans Hermann Groer, deve partir para o exílio, por causa de acusações de conduta sexual imprópria contra ele.
À reportagem segue uma declaração da Igreja de Viena na qual o Cardeal Groer, 78 anos, pede perdão, mas não admite a culpa.
“Nos últimos três anos, houve muito frequentemente afirmações incorretas a meu respeito. Peço perdão a Deus e às pessoas se eu tiver atraído culpa sobre mim,” diz ele na declaração.
O Cardeal Groer Cardeal aposentou-se como chefe da Igreja Católica Romana na Áustria em 1995, depois da acusação de que tinha abusado sexualmente de um aluno 20 anos antes. Depois da sua renúncia, surgiram novas alegações de que ele molestou sexualmente monges.
As acusações foram ignoradas pela hierarquia da Igreja até há dois meses quando teve início uma investigação papal. A investigação foi ordenada pelo Papa depois da apelação de líderes da igreja para que se resolvesse a situação e restaurasse a credibilidade da Igreja na Áustria.
A declaração é uma resposta ao pedido do Papa para que o Cardeal Groer se desincumba de suas obrigações e está sendo considerada como um sinal de que a investigação encontrou provas contra ele.
O correspondente da BBB em Viena diz que muitos católicos na Áustria estão amargamente divididos por causa da questão e alguns acusaram a Igreja de encobrimento.
A chancelaria do arcebispado de Viena disse que nenhuma nova medida é esperada de Roma. O correspondente diz que isto provavelmente decepcionará ainda mais os muitos católicos que pensam que Hermann Groer não deve mais ser cardeal.
Nenhuma nova medida de Roma. Por quê? Provavelmente porque, segundo o Cardeal Schoenborn – que tem algumas visões esdrúxulas, mas certamente não é mentiroso – o futuro Bento XVI tinha perdido a sua batalha para montar uma investigação adequada contra um Cardeal abusador sexual, em vez de uma reservada e inconclusiva que aparentemente se realizou. Não é de admirar que ele tenha exigido plena autoridade para investigar esses casos e tenha assumido maior responsabilidade sobre eles em 2001.
Ele está enfrentando uma situação terrível, não há dúvida sobre isto; e não há dúvida também ele tenha cometido erros: o fato de que ele tenha sido muito mais vigilante do que outros cardeais não significa que ele foi o bastante.
Mas a história mostrará que foi Bento XVI, não João Paulo II, que iniciou "a purificação" da Igreja para retirar a sua "sujeira" – para usar suas palavras, e as proferiu muito antes que esta crise atual surgisse.
Fonte: Damian Thompson’s blog
Tradução: http://oblatvs.blogspot.com/

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