quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Afinal, o que o Papa disse? Posição da Igreja sobre preservativos é mais social, e menos doutrinária


Nesta semana, estorou novamente a polêmica dos preservativos. Em seu livro-entrevista "Luz do Mundo - O Papa, o mundo e os sinais dos tempos", Bento XVI responde a Peter Seewald, o seguinte: 

"Concentrar-se só no preservativo quer dizer banalizar a sexualidade e esta banalização representa precisamente o motivo pelo qual muitas pessoas já não veem na sexualidade a expressão de seu amor, mas só uma espécie de droga, que se fornecem por sua conta. Por este motivo, também a luta contra a banalização da sexualidade forma parte do grande esforço para que a sexualidade seja valorizada positivamente e possa exercer seu efeito positivo no ser humano em sua totalidade. Pode haver casos justificados singulares, por exemplo, quando um prostituto utiliza um preservativo, e este pode ser o primeiro passo para uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver de novo a consciência sobre o fato de que nem tudo está permitido e de que não se pode fazer tudo o que se quer. No entanto, este não é o verdadeiro modo para vencer a infecção do HIV. É verdadeiramente necessária uma humanização da sexualidade."

E depois da polêmica, da festa e do escândalo de alguns analfabetos eclasiásticos, o porta-voz da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, se pronuncia:

"O Papa observou que mesmo em meios não eclesiais há semelhante consciência, como ocorre com o chamado método “ABC” (abstinência – fidelidade – camisinhas), no qual os dois primeiros elementos (abstinência e fidelidade) são muito mais determinantes e fundamentais para a luta contra a AIDS, ao passo que a camisinha, em última análise, aparece como um atalho quando os outros dois elementos estão ausentes. Deve ficar claro, portanto, que a camisinha não é a solução do problema.
O Papa então amplia o foco, insistindo que concentrar-se apenas na camisinha é equivalente a tornar a sexualidade algo banal, perdendo seu sentido como uma expressão de amor entre pessoas, e tornando-a uma espécie de “droga”. Combater a banalização da sexualidade é “parte de um grande esforço para ver que a sexualidade é posivitamente compreendida, e pode exercer seus efeitos positivos na pessoa humana em sua totalidade"."
"Ao mesmo tempo, o papa considera uma situação excepcional na qual o exercício da sexualidade representa um verdadeiro risco à vida de outrem. Neste caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas sustenta que o uso de uma camisinha a fim de diminuir o risco de infecção é “uma primeira hipótese de responsabilidade” e “um primeiro passo em direção a um modo diferente, um modo mais humano, de viver a sexualidade”, em vez de não usar a camisinha e expor a outra pessoa a uma ameaça à sua vida.
Neste sentido, o pensamento do Papa certamente não pode ser definido como uma guinada revolucionária. Numerosos teólogos morais e personalidades eclesiásticas de autoridade sustentaram, e ainda sustentam, posições semelhantes. Todavia, é verdade que, até agora, elas não foram ouvidas com tal clareza da boca de um Papa, mesmo se de forma coloquial, e não magisterial."
..."Logo, o Papa não está reformando ou mudando o ensinamento da Igreja, mas reafirmando-o, ao colocá-lo em um contexto do valor e da dignidade da sexualidade humana enquanto uma expressão de amor e responsabilidade"...
Aí fica fácil de entender que a posição da Igreja é sócial, é pastoral e menos doutrinária. O que está em questão são duas questões graves: a prevenção contra a AIDS e a sacralidade do sexo. A primeira, se faz com abstinência e fidelidade; e a segunda, com amor, educação, respeito e responsabilidade com o outro. O que a Igreja não quer, é que o sexo com camisinha ou sem, se torne algo supérfluo sem responsabilidade, sem compromisso e sem entrega ao outro. Porém, a camisinha traz a ilusão do "sexo seguro", sendo que tem 30% de chances de falhar, segundo dados científicos. Quem "faz amor" com camisinha, seja casado ou não, está fechando-o a vida, e torna a relação sexual, algo fechado em si mesmo e contra a vontade Divina.  Não faz o amor verdadeiro, que deve estar aberto a vida, ou seja, a vontade Divina e na entrega mútua entre os dois.
Por isso, que com razão, em casos específicos, quando não há um pingo de moralidade, como no caso das prostitutas, a camisinha se torna algo válido, pois nas palavras do Papa é “uma primeira hipótese de responsabilidade” e “um primeiro passo em direção a um modo diferente, um modo mais humano, de viver a sexualidade”, em vez de não usar a camisinha e expor a outra pessoa a uma ameaça à sua vida".
A questão doutrinária sobre o sexo, não muda. Porém a questão social sobre a camisinha e a prevenção da AIDS a luz do magistério, se esclareceu algo mais. Só se esclareceu e se confirmou a doutrina da Igreja sobre o valor e a sacralidade do sexo e que o caminho para um amor seguro e feliz é a castidade.

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